quarta-feira, 11 de abril de 2012


MISSÃO JOVEM NO MATO GROSSO!


Olá juventude claretiana eu (Aristides - Neto) mais uma vez com a graça de Deus tenho a oportunidade de partilhar mais uma experiência única e fantástica que tive na semana santa em minha vida. Vitória Kessia e eu (ambos somos integrantes do “Coração Jovem” da Paroquia Coração de Maria - SP) fomos convidados para juntos com o padre Ronaldo Mazula, Cmf sair em missão nas aldeias indígenas do Mato Grosso neste tempo de Semana Santa. Antes da viagem, nos reunimos e decidimos que nos jovens ficaríamos com a parte de catequese que inclui preparação dos indígenas para a primeira comunhão e crisma que foram realizados nesta semana em que estivemos na aldeia.
Enfim chegou o grande dia da viagem, no coração a ansiedade e a alegria, nos primeiros momentos percebemos que não seria nada fácil, a viagem é muito longa e apertada já que conseguimos muitas doações para levar até as aldeias e cansativa, pois ficamos na estrada durante 24 horas para chegar à aldeia base que é dos Bakairi.
A primeira impressão foi totalmente contrária do imaginado, porque nós “brancos” temos aquela visão de que índio anda pelado, com a flecha na mão e na ponta o peixe, enfim totalmente diferente do que imaginava...

Fomos recebidos com muita alegria e gentileza pelos indígenas, a aldeia estava em festa, pois comemorava a festa de SÃO JOSE, nesta festividade, fomos convidados para comer na casa dos donos da festa, tradicionalmente nas festas da aldeia tem sempre o dono e a dona da festa (que chamamos de festeiros). Até o presente momento seguimos aquilo que é de costume em uma festa; conversar com as pessoas e fazer o prato para a alimentação. Só que neste momento começamos entender onde estamos. Isto porque no momento de pegar a comida eu olho para cima e vejo o rabo do boi que foi morto para alimentar toda a aldeia, olho para o lado vejo as patas do boi e do outro estava à cabeça do boi meu Deus, mal conseguir engolir o arroz, pois além da cena o cheiro já estava bem forte.
Para compreender o que aconteceu começamos a ter aulas de cultura neste simples ambiente, porque na tradição deles quando se mata algum animal para alimentação as partes do bicho necessitam estar presente, pois e dele que veio a carne, então e uma forma de deles “comemorar” junto com o boi a gratuidade de alimentar outro ser.

Algo muito especial nessa missão foi conhecer a cultura indígena, mesmo que seja uma pequena parcela dos milhares de índios que temos no Brasil, foi possível entender a transmissão de pensamento, cultura e cuidado que os índios detêm entre si, tudo é passado de geração em geração durantes muitos anos. Para se ter uma ideia da força de uma tradição, lembro-me de um fato que chamou a atenção; havia uma menina que estava deitada já fazia 2 meses e iria ficar mais 1 mês nesta posição, pois toda menina quando tem seu primeiro ciclo menstrual, necessita fazer esse ritual, já os meninos quando chegam a uma determinada idade também fazem rituais para firmarem a masculinidade, por exemplo, como o furar as orelhas, e diversas outras tradições que tive a grande felicidade de conhecer neste curto espaço de permanência com eles.
Pe. Ronaldo Mazula, cmf esteve responsável pelo grupo e também exerceu atividades educacionais com os caciques e professores da aldeia, oferecendo reforço em certas matérias disciplinas escolares e auxiliando a criação de planos e projetos para uma vida melhor da aldeia respeitando, sobretudo, a tradição.
Relatando sobre a catequese, no qual nós (Vitoria e eu) tínhamos a missão de prepara-los para a 1ª Eucaristia e Crisma, realizamos em uma semana e contamos com turmas de jovens e crianças divididos em dois grupos; 12 para a primeira comunhão e 10 para o crisma. Este trabalho foi árido por conta do tempo, tínhamos apenas 4 dias para transmitir as principais crenças de nossa fé e o máximo de informação possível sobre a Igreja, Jesus Cristo e a Antropologia do ser humano, ou seja, o que em 1 ano de encontros em uma paroquia acontece, na aldeia tínhamos apenas 4 dias.

Vitória e eu nos reunimos com os jovens das 8 da manha até as 11:30 e pela tarde das 15:00 ate ás 19:30, tínhamos a preocupação de não ser encontros cansativos. Para isto trabalhamos com muitas dinâmicas e aproveitamos do próprio espaço natural para catequisar, seja nos trabalhos, na mata e no rio, era uma forma de divertir-se aprendendo. Na aldeia encontramos diversas manifestações de fé belíssimas que ressaltam a nós, por exemplo; na aldeia há uma devoção forte e marcante aos santos de nossa igreja, por exemplo, se a casa tinha 3 ou 4 filhos havia a imagem de um santo na casa para cada um dos filhos.
Neste dia, não foi tudo flores, houve alguns percalços, nós missionários pegamos uma virose onde todos tiveram problemas com diarreia, febre, dor de cabeça etc. Mas continuamos, pois o tempo era nosso rival e não poderíamos parar por nada, foi um momento muito difícil.
Na quinta-feira santa, as crianças receberam 1ª eucaristia e neste dia, confesso que Vitória e eu ficamos muitos nervosos, na parte da manhã preparamos eles para a confissão e assim foi feita um momento muito bonito e depois preparamos a pequena capela com flores e folhas que pegamos das arvores para que a noite seja magica e tivéssemos a conclusão da missão de catequizar e preparar os jovens indígenas para os sacramentos de iniciação. Nesta noite que foi diferente das demais, os índios pintara-se  
 E nós também, enfim chegou o momento de muita emoção e alegria para nós, os pequenos e jovens foram de encontro A VIDA, A VIDA ETERNA (Jo 6, 51),

Nessa hora tivemos a certeza que a missão foi cumprida, de que conseguimos apesar de todas as barreiras, nos conseguimos chegar ao objetivo proposto na missão e uma explosão de sentimentos invadiu a nós, entre a alegria de contribuir na missão claretiana e também o ausentar de nosso lar, família paroquia, amigos, enfim, tudo isto para passar a semana santa com pessoas que não conhecemos e em situações até então vistas pela TV.
 Na sexta-feira da paixão improvisamos uma cruz para a celebração da santa Cruz. E logo após a missa nos despedimos, neste momento os olhos de Vitoria e meu encheram-se de lagrimas, nossos corações foram comedidos de muita felicidade, ao ver que no final de uma semana, o esforço missionário valeu a pena, ver no rosto daqueles jovens o sentimento de saudade, todos os índios da aldeia vindo ao nosso encontro e abraçando-nos como uma verdadeira família.
Assim, concluo que o presente que ganhamos daqueles que fizemos mais amizade é a alegria de levar a Boa Nova e também receber o grande aprendizado daquela aldeia que os livros não podem contar. Neste intuito, fica difícil resumir uma semana inteira de experiências novas, difícil explicar tudo o que aconteceu nesta aldeia, o que vivemos naqueles poucos e longos dias, só tenho que agradecer a Deus por fazer cada dia que vivo mais feliz, feliz em levar minha fé e minhas experiências com Deus pra onde eu for, e a cada dia me transforma, pois não e possível continuar o mesmo depois desta intensa semana de vida e alegria que tivemos a graça de partilhar com os pequenos e que conhecemos muitas vezes pelo que a mídia transmite a todos nós.

OBRIGADO MEU DEUS!

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