sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia de Finados 

Nesta Sexta Feira dia, 02 em todo o Brasil celebra-se o dia de todos os mortos e fieis defuntos, tendo como tema base não a morte como fim, mas sim, o inicio de um tempo novo, de um intenso e rico momento na presença de Deus. 

A Igreja reflete sobre a morte, não como uma perda de tempo; é sim, uma luz que nos ajuda a fazer escolhas justas e sensatas durante a vida. Para tanto estamos disponibilizando um material de estudo sobre a escatologia (= Areá da teológica que estuda o fim dos tempos) para maior aprofundamento e instigar o leitor/a a uma maior reflexão sobre o assunto. 

A escatologia é um estudo que prisma os finais dos tempos. E neste intuito encontramos um problema, pois a única coisa que está garantida nesta vida é a morte. O restante é uma realidade sem certeza. Algumas coisas podem ser fantasiosas, alguns temas e pregações sobre o fim dos tempos são meras especulações. Porque ninguém regressou do outro lado da morte, para afirmar se estamos certos ou errados nos nossos pensamentos.

O purgatório, que muitas vezes é um tema de nossas falas, para a Igreja não é um lugar físico ou outra forma. Esse assunto começa a ser ventilado a partir da Idade Média, e muitas vezes a escatologia[1] que temos, trata-se deste período e fruto da teologia medieval. A escatologia que estudaremos é mais na linha da teologia popular ou de cunho mais catequético. Que não esta preocupada com lugares, mas sim, com realidades.

Tudo o que possuímos de escatologia, o temos a partir de uma reflexão iniciada na  Idade Média, e isso faz com que a nossa visão esteja ligada desde já a uma concepção antiga da própria escatologia. Agora com a teoria da evolução, muda-se a concepção do cosmos, e esta nova visão, afeta o cristianismo, e reformula a escatologia, que não leva em consideração a criação em todos os sentidos, ou a teoria do criacionismo, como propôs Darwin.

A idéia de purgatório possui seus resquícios na teoria de Santo Agostinho, mas desenvolve-se de uma forma especifica, na Idade Média. Esta idéia tem como premissa, resolver a questão do pós–morte da nobreza da época. Porque era impensado na concepção medieval que um nobre estivesse condenado para o inferno.

A escatologia tem um problema, a questão do privilégio do individuo, e isto de certa forma, caminha conta a doutrina bíblica, que contempla o todo e não o individuo em si. Mas hoje se mudou o conceito e começa o relato da escatologia mais no âmbito comunitário do que, de forma mais especifica, individual. Essa é a nova visão da escatologia contemporânea.

A escatologia é um preparo, não para o fim, mas para uma consumação do fim. A escatologia trata da divinização do ser humano, é o estudo da realização e completude, não do fim, mas da consumação para um próximo passo, é a abertura para uma nova vida, um novo caminhar.

Sobre a a morte o Concílio Vaticano II, comenta sobre o assunto nos números 18 e 22 da Gaudium Et Spes

18. É em face da morte que o enigma da condição humana mais se adensa. Não é só a dor e a progressiva dissolução do corpo que atormentam o homem, mas também, e ainda mais, o temor de que tudo acabe para sempre. Mas a intuição do próprio coração fá-lo acertar, quando o leva a aborrecer e a recusar a ruína total e o desaparecimento definitivo da sua pessoa. O germe de eternidade que nele existe, irredutível à pura matéria, insurge-se contra a morte. Todas as tentativas da técnica, por muito úteis que sejam, não conseguem acalmar a ansiedade do homem: o prolongamento da longevidade biológica não pode satisfazer aquele desejo duma vida ulterior, invencìvelmente radicado no seu coração.
Enquanto, diante da morte, qualquer imaginação se revela impotente, a Igreja, ensinada pela revelação divina, afirma que o homem foi criado por Deus para um fim feliz, para além dos limites da miséria terrena. A fé cristã ensina que a própria morte corporal, de que o homem seria isento se não tivesse pecado - acabará por ser vencida, quando o homem for pelo omnipotente e misericordioso Salvador restituído à salvação que por sua culpa perdera. Com efeito, Deus chamou e chama o homem a unir-se a Ele com todo o seu ser na perpétua comunhão da incorruptível vida divina. Esta vitória, alcançou-a Cristo ressuscitado, libertando o homem da morte com a própria morte. Portanto, a fé, que se apresenta à reflexão do homem apoiada em sólidos argumentos, dá uma resposta à sua ansiedade acerca do seu destino futuro; e ao mesmo tempo oferece a possibilidade de comunicar em Cristo com os irmãos queridos que a morte já levou, fazendo esperar que eles alcançaram a verdadeira vida junto de Deus.

22. Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. Adão, o primeiro homem, era efectivamente figura do futuro, isto é, de Cristo Senhor. Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime. Não é por isso de admirar que as verdades acima ditas tenham n'Ele a sua fonte e n'Ele atinjam a plenitude.

«Imagem de Deus invisível» (Col. 1,15), Ele é o homem perfeito, que restitui aos filhos de Adão semelhança divina, deformada desde o primeiro pecado. Já que, n'Ele, a natureza humana foi assumida, e não destruída, por isso mesmo também em nós foi ela elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, excepto no pecado.

Cordeiro inocente, mereceu-nos a vida com a livre efusão do seu sangue; n 'Ele nos reconciliou Deus consigo e uns com os outros e nos arrancou da escravidão do demónio e do pecado. De maneira que cada um de nós pode dizer com o Apóstolo: o Filho de Deus «amou-me e entregou-se por mim» (Gál. 2,20). Sofrendo por nós, não só nos deu exemplo, para que sigamos os seus passos, mas também abriu um novo caminho, em que a vida e a morte são santificados e recebem um novo sentido.

O cristão, tornado conforme à imagem do Filho que é o primogénito entre a multidão dos irmãos, recebe «as primícias do Espírito» (Rom. 8,23), que o tornam capaz de cumprir a lei nova do amor. Por meio deste Espírito, «penhor da herança (Ef. 1,14), o homem todo é renovado interiormente, até à «redenção do corpo» (Rom. 8,23): «Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos dará também a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita» (Rom. 8,11). É verdade que para o cristão é uma necessidade e um dever lutar contra o mal através de muitas tribulações, e sofrer a morte; mas, associado ao mistério pascal, e configurado à morte de Cristo, vai ao encontro da ressurreição, fortalecido pela esperança.

E o que fica dito, vale não só dos cristãos, mas de todos os homens de boa vontade, em cujos corações a graça opera ocultamente. Com efeito, já que por todos morreu Cristo e a vocação última de todos os homens é realmente uma só, a saber, a divina, devemos manter que o Espírito Santo a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal por um modo só de Deus conhecido.

Tal é, e tão grande, o mistério do homem, que a revelação cristã manifesta aos que crêem. E assim, por Cristo e em Cristo, esclarece-se o enigma da dor e da morte, o qual, fora do Seu Evangelho, nos esmaga. Cristo ressuscitou, destruindo a morte com a própria morte, e deu-nos a vida, para que, tornados filhos no Filho, exclamemos no Espírito: Abba, Pai.


[1] A idéia escatologia das pessoas

A seguir o que A Congregação para a Doutrina da Fé da Igreja Catolica Apostolica Romana informa sobre a morte para nós neste dia. 
"O que acontece depois da morte?
Carta sobre algumas questões referentes à escatologia, da Congregação para a Doutrina da Fé, da Igreja católica
Por Edson Sampel

Os itens abaixo estão baseados na “Carta sobre algumas questões referentes à escatologia”, da Congregação para a Doutrina da Fé, da Igreja católica.    

1) Depois da morte, ocorre a sobrevivência e a substância de um elemento espiritual, dotado de consciência e de vontade. Subsiste, assim, o eu humano, enquanto carece do complemento do seu corpo. Este elemento espiritual se chama alma.

2) Aguarda-se a gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, considerada, entretanto, distinta e postergada em relação à condição própria do homem imediatamente depois da morte.  Alguns teólogos denominam evo [pronuncia-se évo] esse “tempo” que medeia entre a morte e a ressurreição dos mortos, no juízo final. De fato, o tempo (com começo e fim) se refere ao homem na terra; a eternidade (sem começo e sem fim) é um atributo exclusivo de Deus e o evo (começa com o óbito e não tem fim), típico do homem, é definido como uma sucessão de atos psicológicos.

3) A ressurreição dos mortos se refere a todo o homem, isto é, corpo alma: para os eleitos não é, senão, a extensão da própria ressurreição de Jesus Cristo.

4) A Igreja, em adesão fiel ao novo testamento e à tradição, crê na felicidade dos justos, que estarão um dia com Cristo no céu. Também crê no castigo eterno que espera o pecador, que será privado da visão de Deus, e na repercussão dessa pena em todo o seu ser. Crê, finalmente, em uma eventual purificação para os eleitos, prévia à visão de Deus; de todo diversa, no entanto, do castigo dos condenados. Isto é o que entende a Igreja quando fala do inferno e do purgatório.

5) Os cristãos devem manter-se firmes quanto a dois pontos essenciais: têm de acreditar, por um lado, na continuidade fundamental que existe, por virtude do Espírito Santo, entre a vida presente em Cristo e a vida futura; por outro lado, deve-se saber que ocorre uma ruptura radical entre o presente e o futuro, pelo fato de que à economia da fé sucede a economia da plena luz; ou seja, no céu, nós estaremos com Cristo e veremos Deus (1 Jo 3,2).

Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano. Professor do Instituto Teológico Pio XI (Unisal) e da Escola Dominicana de Teologia (EDT). Autor do livro “Reflexões de um Católico” (Editora LTR)."



Fonte: www.zenit.org

Nenhum comentário:

Postar um comentário