O Verbo se fez carne
A encarnação é um mistério grande, um fato que a razão humana não
pode abarcar
Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.
Celebramos o Natal! Mesmo para os
que não creem é um momento de repensar a vida e a fraternidade. É o grande
Mistério da Encarnação! A notícia do Deus que se faz homem, da salvação
presente na doce figura do Menino Deus, convida o homem à contemplação.
A encarnação é um mistério grande, um fato que a razão humana não
pode abarcar. Um mistério tremendo que ilumina, porém, toda a vida do homem. O
Natal chega, como acontece a cada ano, trazendo um clima diferente.
Para quem crê e para quem ainda não cruzou a “porta da Fé”, este é
um tempo de mudar o ritmo da vida, parar, e se reencontrar com aqueles que Deus
nos deu. O clima que se estabelece neste tempo faz com que o Natal seja a época
de rever a família, de se alegrar com os amigos, de cuidar de quem não tem família,
de ajudar os mais necessitados.
Crendo ou não crendo, todo mundo entende que é uma festa, em que
sente-se a necessidade de partilhar um presente com alguém. Porém, sabemos que
o grande e maior presente é justamente o Verbo de Deus que se fez carne. Deus
tanto amou o mundo que enviou o Seu Filho.
Ninguém pode ficar fora da noite de Natal. É uma noite diferente,
uma festa especial. O “espírito” do Natal nos investe a todos. Mas, de onde vem
toda esta ternura?
Parece-me que este clima nasce do mistério que nós celebramos: a
gruta de Belém, os pastores, a estrela, o Menino que nasce. Neste cenário se
esconde e se revela o dom imenso do Menino Luz. Um dom que é reconhecido e
anunciado pelos presentes dos magos, um dom que comove e faz cantar pastores e
anjos, um dom que, tantos homens o entenderam, é o dom maior que se poderia
ter. Da ternura anunciada por esses sinais vêm as consequências sociais do
Mistério celebrado.
Naquela manjedoura de Belém uma longa espera tem fim, a espera de
todo um povo, mais ainda: a espera de todo homem que amou a verdade, a beleza,
a justiça. Naquela noite esta espera tem fim. No presépio está presente a
Salvação. O simbolismo da manjedoura como o espaço onde é colocado o verdadeiro
alimento da humanidade, Jesus Cristo, aparece com muita clareza.
Agora, no lugar da longa espera, uma Presença. Uma Presença, um
presente, que inunda de silêncio a noite e que muda, sem que o mundo o saiba, a
história. Uma Presença: O Emanuel!
No início do III milênio, o Papa João Paulo II nos lembrava que o
“nascimento de Jesus em Belém não é um fato que se possa relegar para o
passado. Diante d'Ele, com efeito, está a história humana inteira: o nosso
tempo atual e o futuro do mundo são iluminados pela Sua presença. Ele é « o
Vivente » (Ap
1, 18), « Aquele que é, que era e que há de vir » (Ap 1, 4)” (IM 1).
Um fato que tem um alcance universal, um fato na história que
julga toda a história. Na plenitude dos tempos, a Plenitude ali, repousando na
manjedoura de Belém de Judá.
O que foi anunciado a Maria, a Salvação que ela carregou no seu
ventre, se torna uma presença destinada a alcançar cada homem. A salvação
presente numa criança, na carne de um homem. Este é o anúncio alegre que muda
toda a história. “Torna-se evidente que Jesus é verdadeiro homem e verdadeiro
Deus, como exprime a fé da Igreja” (Bento XVI, em seu livro sobre a Infância de
Jesus, p. 106)
É o anúncio de uma Presença que é germe de um mundo novo,
realidade nova num mundo ainda marcado pela injustiça e pela violência. O mundo
parece o mesmo de antes, mas não é. No mundoem que Elenasce, ontem e hoje,
tinha e têm guerras, genocídios, injustiças, violências, divisões. Mas a Sua
presença ilumina, dentro de todas as contradições, cada homem que O encontra.
A Sua presença gera uma humanidade nova, um amor mais potente e
doce, que se chama Caridade. A Sua presença muda a vida de muitos homens e
continua, na carne deles, sendo um germe de um mundo novo.
Ele é o centro da história, para quem converge toda a história e
de onde inicia toda a nova humanidade nascida do novo Adão. Depois da
encarnação, o Divino continua presente na vida daqueles que O encontraram e
seguiram.
A nossa cidade está prestes a viver o acolhimento alegre de
milhares de jovens unidos por um único ideal: o seguimento d'Aquele que nasceuem
Belém. Elesserão um sinal eloquente para todos nós de uma humanidade, de uma
carne que carrega o Divino e que convida à alegria de viver na Sua presença.
Desejo a todos um Santo Natal, pleno da luz e da paz quem vem do
Cristo Senhor.
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