segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


Olá Juventude.... Damos continuidade ao tema 

   A EXPERIÊNCIA DE TRANSMITIR A FÉ 

3. Experiências antropológicas nas quais
 se enraíza a experiência cristã

A experiência cristã, para que tenha bom fundamento e desenvolva todo seu potencial, deve enraizar-se numa série de experiências humanas que constituem o sujeito crente, experiências que o mesmo deverá fazer para que sua fé não seja superficial e encontre obstáculos na hora de ser transmitida a outros.

a. Experiência da própria finitude e indigência, mas também do próprio valor e da dignidade. Às vezes estou contente de existir e às vezes a carga é insuportável:
Tem sentido viver?

b. Experiência do mal, do sofrimento e da morte em si mesmo, na sua volta e no
mundo. Injustiças, crueldades...Tem sentido um mundo assim?

      c. Experiência do desejo e necessidade de ser aceito, amado, valorizado incondicionalmente. Será possível fazê-la?

d. Experiência do desejo de “vida nova” e de um “mundo novo” onde reine a paz, a justiça, a solidariedade, o respeito; onde não haja sofrimento nem morte.

e. Experiência das próprias contradições, da própria indignidade, do próprio pecado: “faço o mal que não quero e não faço o bem que quero”, frente ao que eu queria ser, ao que eu queria que fosse o meu entorno e o mundo.

f. Experiência da alteridade como plenitude e como limite: necessito do outro, mas o outro não está a minha disposição.

g. Experiência de uma“transcedência” em meu eu (cada aspecto da minha vida encontra sentido na totalidade do que sou), nos demais (meu“eu” somente encontra sentido no “nós” do qual me sinto parte), no universo (a humanidade, meu“eu” somente encontra sentido no conjunto do universo, em alguém do qual tudo surgiu e tudo depende).

h. Experiência de angústia frente a morte, a solidão e o absurdo e a experiência das reações desta angústia e medo: busca de segurança, afirmação do próprio eu frente ao outro que surge como meu rival (pecado radical): agressividade, violência, egocentrismo, confiança nos ídolos da morte (adicções multiplas a realidades que me prometem segurança, felicidade e êxito, mas me produzem maior vazio e decepção).

i. Experiência de uma confiança básica na realidade, graças ao cuidado e ao amor recebido nos primeiros anos de vida(otimismo).

4. A experiência do amor de Deus transmitida por Jesus: O amor, a misericórdia e o perdão imerecidos e incondicionais do Deus Abbá.


Diante destas experiências humanas, a fé cristã, isto é, a experiência de Deus manifestada em Jesus, constitui a experiência de uma Origem Amorosa, de quem aceito receber - como os demais e como o universo - a vida por amor e que se converte numa presença que me acompanha...Esta experiência me permite superar a angústia que produz a finitude e a morte, a solidão e falta de sentido. Para ponderar a novidade da experiência de Deus que vive e nos propõe Jesus, é bom referir-nos à experiência de pecado e de indignidade que o homem religioso experimenta diante de Deus, que se traduz, normalmente, na experiência do horror, do inferno do mal, da gravidade do pecado, que pode levar a experiências muito negativas de impotência, de necessidade de “aplacar a Deus”, de nihilismo. Jesus, pela sua Palavra e obra, comunica-nos que a reação de Deus diante do meu sentimento de indignidade ou de pecado e sua resposta à cegueira do mundo frente a realidade do mal, especialmente aquele causado pelo ser humano, é uma resposta desconcertante: Não de castigo e destruição, mas de imersão e de empatia. Deus, em Jesus, se insere no mundo, suporta-o e o muda por dentro. O Deus de Jesus está marcado pelo Amor, pela Misericórdia e Perdão incondicionais (= imerecidos), porque ama entranhavelmente a todas as suas criaturas, porém muito especialmente ao ser humano. Isto podemos comprovar em numerosas parábolas que nos falam de perdão, de buscar o que está perdido, de ser convidado para um banquete sem merecer…; ou em alguns textos significativos: “olhai os lírios do campo…”, “vós valeis muito mais que a erva do campo, que os pássaros do céu…”, Deus está disposto sempre a dar coisas boas aos que lhe pedirem… Também sua clara opção de situar o cumprimento da lei e a honra de Deus no bem da pessoa, sua cura, sua reconciliação com o irmão… Trata-se de uma misericórdia sempre desconcertante: transborda-nos, não podemos entendê-la. O Deus de Jesus, que é o mesmo Deus criador, mostra-se a nós como Deus que cria seres criadores ou criativos, e que os salva e leva à plenitude desde dentro da humanidade, fazendo-os participantes da obra redentora.

Continua na Proxima Semana 

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