quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

I Encontro da Juventude Claretiana na Paroquia Nossa Senhora da Luz em Clevelândia

Entre os dias 15 e 16 de fevereiro, ocorreu o I Encontro de Jovens das Paroquias Irmãs na região sul na cidade de Clevelândia intitulado “Ide ao Mundo” que contou com a presença das paroquias de Londrina e Araçatuba junto com o animador do Setor Juventude. O encontro teve a participação de 80 jovens da região, como objetivo de iniciar um trabalho juvenil, com a instalação do grupo de jovens na paroquia e um animo a Juventude local.
O encontro foi planejado para ocorrer em dois dias sendo a primeira parte dedicada a aprofundar a figura de Santo Antônio Maria Claret que já havia sido trabalhado pela comunidade local nos jovens e tendo como via de condução a espiritualidade da Fragua proposta pelo nosso fundador. A segunda parte utilizou temas transversais e inerentes a juventude, a saber; Como estou vivendo a minha vida? O amor de Deus para comigo e a Configuração com Jesus Cristo. E um diferencial neste encontro é que toda a responsabilidade do evento no que tange a formação fora assumida pela Paroquia Coração de Maria de Londrina, sendo uma resposta a todos nós, de como o jovem pode ser protagonista, se obtiver incentivo e auxilio da comunidade local.
Desde já o Setor Juventude agradece o convite para participar deste intenso momento na vida da paroquia Nossa Senhora da Luz de Clevelândia, o apoio oferecido aos jovens da comunidade de Londrina e a presença da comunidade de Araçatuba no evento marcante. Que Deus esteja oferecendo a todos os envolvidos muitas graças por este incendiar inicial com a juventude...

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

JUSTIÇA, PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO: CREMOS NUM OUTRO MUNDO POSSÍVEL

               
No fim do mês janeiro e início de fevereiro estive em Barcelona e Vic, ciudades espanholas, participando de reuniões com misisonários claretianos dos cinco continentes e representantes da Congregação Claretiana de Roma e que trabalham na ONU, Organização das Nações Unidas em Nova York, para tratar de temas ligados à JPIC, em torno de projetos humanitários e sociais em regiões pobres, abandonadas, complexas e de conflito. Grupos católicos e de outras igrejas e confissões articulam variados projetos sociais em varias regiões do mundo. Os Missionários Claretianos também, articulamos e executamos vários projetos nos cinco continentes.
Nós, que trabalhamos na América, propusemos várias prioridades de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) em nosso continente. Creio que elas podem iluminar a muitos cristãos e pessoas de boa vontade na busca de soluções para problemas que afligem a vida e a dignidade de milhões de pessoas.
1.       Nossa sensibilização permanente sobre o tema e a de nossos irmãos e suas comunidades em todo o continente.
2.       Conhecimento, apropriação, divulgação e defesa dos Direitos Humanos e Direitos dos Povos.
3.       Atenção e compromisso em referência à mobilidade humana, especialmente em relação à migração e deslocamentos populacionais.
4.       Acompanhamento das comunidades na defesa do território e denúncia dos projetos extrativos.
5.       Recuperação teórica e vivencial da teologia, da espiritualidade e da pastoral libertadora como obsessão pelo Reino, em nosso compromisso claretiano na JPIC.
6.       Uma  educação e formação inicial inserida, popular e missionária.
7.       Uma defesa do meio ambiente comprometida frente ao desenvolvimento das mineradoras e o agro-negócio  selvagens e a defesa do ambiente e os territórios dos grupos em risco de extinção como as minorías.
8.       Ações concretas com migrantes e afetados pela problemática da mobilidade humana: tráfico de pessoas e de órgãos, deslocamentos e migração por causa da violência e a situação sócio-econômica.   
9.       Visão intercultural do tema, que leve a uma opção pelas etnias em risco de extinção, ameaça de seus territórios e a perda de sua cultura.
10.    Problemática urbana, que implica uma opção pelos sem teto, pessoas em situação de rua, dependentes químicos, pessoas em situação de solidão e crise existencial.

Propomos também, várias linhas de ação, tendo presente o critério do mais urgente, oportuno e eficaz:
-passar a processos de promoção humana e ambiental;
-estabelecer mecanismos de formação continuada e popular, particularmente em missões onde se afrontam situação e realidades de injustiça;
-informar-se, estudar e discernir as ações pertinentes em torno a estes temas cruciais: interculturalidade, conciência política, violência, recursos naturais, migração e desplazamiento-deslocamentos, economia e pobreza, direitos humanos, liberdade de expressão, violência de gênero, infância e adolescência, educação, drogas, vida, saúde, militarização, insegurança, família, desemprego, crime organizado e compromisso missionário;
-unir-se, apoiar e participar em grupos, instituições e processos de defesa dos direitos humanos e ambientais.
O mundo contemporâneo tem conseguido muitas conquistas positivas, mas ainda precisa de novos paradigmas e propostas para superar a situação de miséria material e existencial que aflige milhões de vidas e o meio ambiente. Precisamos nos unir para articular novos projetos de vida digna e sustentável. Deus abençoe, ilumine e proteja a todos que acreditam e lutam por um mundo melhor, mais humano e mais divino.

Pe. Ronaldo Mazula, cmf

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Formação integral e permanente é proposta pela Comissão para a Juventude

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A formação integral e permanente, por meio da articulação da Rede de Institutos de Juventude e demais experiências, como também a aproximação da Pastoral Juvenil à Catequese são pontos destacados na carta aos párocos e responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil. O texto é assinado pelo presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, dom Eduardo Pinheiro da Silva, que mensalmente tem se comunicado com as lideranças.

O bispo recordou que este é o momento de parabenizar os jovens pelos trabalhos que estão desempenhando na missão da Igreja. “Neste processo, os jovens não são considerados somente destinatários de nossa missão, mas sujeitos capazes de entenderem e contribuírem com a própria formação”.
Confira a íntegra do texto:
Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil

“O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria.
E a graça de Deus estava com ele” (Lc 2, 40)
Uma juventude bem motivada, não para! Nessas férias muitas expressões juvenis reservaram um pouco de seu tempo para retiros, encontros, evangelização nas praias, experiências missionárias, formação; as Pastorais da Juventude realizaram seus Congressos, Assembleia, Ampliada. É a vida que continua; é a força da missão que as empolga e as convida para uma formação permanente em vista de uma atuação cada vez mais adequada aos novos tempos. Como adultos responsáveis pela juventude, não podemos deixar de parabenizar estes jovens, reconhecendo-lhes sua beleza, significatividade e singularidade na missão da Igreja na história!

Como já foi mencionado na Carta anterior, o Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil no Brasil, acontecido em dezembro, retomou as 8 Linhas de Ação do Documento 85. A partir delas, foram destacadas, então, aquelas principais Pistas de Ação que necessitam ser potencializadas pelas expressões juvenis (Congregações Religiosas, Novas Comunidades, Movimentos, Pastorais da Juventude) e pelas instâncias eclesiais (comunidades, paróquias, dioceses, regionais).
Seis expressões juvenis e Regionais da CNBB presentes no Encontro assumiram a 1ª. Linha de Ação, que aborda a questão da FORMAÇÃO INTEGRAL, como uma de suas duas prioridades para os próximos anos. As duas PISTAS DE AÇÃO referentes a esta Linha, ficaram assim redigidas:

1º. INVESTIR na Formação Integral permanente,
articulando a Rede de Institutos de Juventude e demais experiências.
2º. Aproximar e ligar a Pastoral Juvenil à CATEQUESE,
em vista da Formação Integral.

Em síntese, esses dois pontos nos convocam ao “investimento” na proposta pedagógica de uma formação que seja integral e à atenção para que ela esteja presente na “Catequese” oferecida aos nossos adolescentes e jovens. Eles têm direito de receber de nossos ambientes e projetos, elementos que os ajudem em sua vida global e não somente em um dos aspectos dela. Bem nos recordou o Documento 85, n. 96 e 97: “O conceito de formação integral é importante para considerar o jovem como um todo, evitando assim reducionismos que distorcem a proposta de educação na fé, reduzindo-a a uma proposta psicologizante, espiritualista ou politizante. [...] Quem trabalha na formação de jovens necessita estar atento às cinco dimensões: psico-afetiva, psicossocial, mística, sócio-político-ecológica e capacitação”.

Não estaríamos exagerando ao afirmar que, se nosso acompanhamento aos jovens fosse sempre adequado a todas as suas dimensões e houvesse harmonia entre elas, tudo o mais estaria praticamente resolvido. Muita coisa já se faz, mas ainda há muito chão. Eis abaixo algumas sugestões para se colocar em prática o princípio da Formação Integral, colhidas de nossos documentos, orientações eclesiais, partilhas realizadas no Encontro de dezembro, subsídios formativos, experiências de evangelização:

1. Conhecer (ler, estudar, debater) mais profundamente o que vem a ser a “Formação Integral” com suas várias dimensões;
2. Averiguar quais dimensões da “Formação Integral” estão menos contempladas nos projetos e subsídios juvenis e ver como suprir esta carência;
3. Conversar com os responsáveis pela Catequese e insistir na implantação do Processo de Iniciação à Vida Cristã, cujo conteúdo programático e dinâmica propõem falar de maneira mais clara e provocante à vida das novas gerações em suas diversas relações: consigo, com o outro, com Deus, com a Igreja, com a Sociedade, com o Mundo;
4. Analisar se os temas “vocação” e “afetividade” vêm sendo realmente explorados na sua beleza e profundidade junto aos adolescentes e jovens, principalmente na catequese e nos grupos juvenis, e buscar formas atraentes de envolvê-los nestes assuntos contribuindo, assim, com a maturidade das relações e das opções de vida;
5. Favorecer-lhes materiais, orientações e ocasiões que contribuam concretamente para a elaboração do Projeto Pessoal de Vida, a partir das dimensões da Formação Integral;
6. Fazer um levantamento e usufruir de materiais e cursos disponíveis, oferecidos por organizações como Institutos de Juventude e Congregações Religiosas, que, sintonizadas com a realidade juvenil atual e as orientações da Igreja, possam contribuir com o amadurecimento das dimensões da Formação Integral;
7. Investir em Escolas Jovens e Cursos de Liderança que trabalhem as dimensões da Formação Integral;
8. Utilizar das redes sociais para iluminar, aprofundar e questionar os jovens que vivem neste universo midiático auxiliando-os na compreensão, acolhida e desenvolvimento das várias dimensões de sua vida;
9. Favorecer reflexões bíblicas, principalmente passagens da vida de Jesus Cristo, que possam iluminar os jovens na sua busca de felicidade, de prazer em viver, de servir;
10. Cuidar para que a Formação Integral seja regada tanto de aprofundamento teórico quanto de experiência prática, que toquem à vida;

Em síntese, a orientação sobre a “Formação Integral” diz respeito a todos os ambientes e projetos eclesiais que se propõem à educação e à evangelização dos adolescentes e jovens. No fundo, todos nós deveríamos nos comprometer em avaliar nossas estruturas e propostas formativas, revitalizando-as para que sejam capazes de acolher e responder a todas as dimensões da vida desta parcela da sociedade que Deus nos confia para amar e servir, em vista de seu Reino.

Neste processo, os jovens não são considerados somente destinatários de nossa missão, mas sujeitos capazes de entenderem e contribuírem com a própria formação. Jesus, que “crescia, ficando forte e cheio de sabedoria” nos pede que oportunizemos condições de Formação Integral aos seus jovens discípulos missionários que estão sob nossos cuidados.

Maria, que contando com a graça divina acompanhou Jesus em todos os seus passos, nos auxilie nesta missão de educadores e evangelizadores das novas gerações que passeiam pelos nossos ambientes, olhos, mãos e corações.

Dom Eduardo Pinheiro da Silva
Presidente da Comissão Episcopal
Pastoral para a Juventude da CNBB

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


 
Libanio: amor apaixonado

Na noite desse 31/01/2014, aconteceu, no auditório da FAJE, o Ofício da Noite, na vigília junto ao corpo do Pe. Libanio e, em seguida, um longo, emocionado e belo “Testemunho dos Amigos”, desde companheiros jesuítas de longa data, como o Pe. MacDowell, até pessoas anônimas da comunidade. Mensagens vindas de outras cidades e países também foram lidas. O jornalista Chico Pinheiro enviou belíssimo depoimento http://www.ihu.unisinos.br/noticias/527834-joao-batista-libanio-1933-2014-homenagem-de-chico-pinheiro - sobre o papel do Libanio na formação da juventude da sua geração, aqui em BH. A presidente Dilma, que também conheceu Libanio, na sua juventude, também mandou uma mensagem à família. Coube a um primo do Libanio falar em nome da família. Um primo mais que especial: Frei Betto. Contou que, para os familiares, Libanio era o João, o tio João de muitos sobrinhos.
Frei Betto disse que não gostava da palavra ‘morte’. Ela não dá conta de expressar a realidade que se manifesta quando a vida parece ter chegado ao fim. Parece... Ele usou a expressão transvivamento, passar para outra dimensão da vida.
Gosto, também do que disse Guimarães Rosa: “A gente não morre, fica encantado”.
Nada mais adequado ao Libanio, ou ao tio João, que nos encantou a todos e a tantos, ao longo da vida.
Diante do caixão, fiquei pensando: cheguei a uma idade em que, quando me dizem que alguém morreu, por exemplo, com 75 anos, respondo na hora: novo, não? Tem sido assim de uns tempos pra cá; tenho achado que todo mundo está morrendo novo demais. Taí outra expressão perfeita para o Libanio: morreu novo demais, na juventude dos seus 81 anos.
Depois, fiquei ouvindo os depoimentos, as conversas entre as pessoas, mergulhando nesse clima que vai se estabelecendo quando o velório adentra as horas da noite, da madrugada.
É engraçado, até quando morre um canalha (e canalhas morrem apesar de alguns, talvez por terem vestido o fardão da Academia, se julgarem imortais), as pessoas no velório naturalmente dirigem a conversa na direção de buscar a bondade possível que ficou daquela vida. É compreensível.
Aprendi com o Libanio que Deus, que É amor, criou a cada um de nós POR amor e PARA o amor.  O amor é nosso berço, caminho e destino. É o que dá sentido à nossa existência. Então, é natural que, ao fim de uma vida, se busque justificar com a lembrança da bondade exercitada pelo falecido, o sentido dessa vida, agora, pronta para a plenitude.
A bondade original do Libanio, na memória agradecida de tantos, fluía, transbordava das conversas, assim como a Criação transborda, todos os dias, do coração de um Deus que é amor e se derrama por inteiro nas suas criaturas.
Em Jesus, Libanio aprendeu, viveu e ensinou, Deus se revela definitivamente e amorosamente, ‘apaixonado’. Nele, o amor diviniza a humanidade e a paixão humaniza a divindade. E se somos ‘imagem e semelhança deste Deus’, não amamos e nos apaixonamos por altruísmo, porque é poético, romântico e prazeroso. Amamos e nos apaixonamos porque somos divinos e humanos.
            Tudo o que fazemos e vivemos, das escolhas mais fundamentais ao mais banal dos gestos cotidianos, traz consigo a possibilidade amorosa e apaixonada. É nossa vocação. Fazer escolhas, abraçar ideais, por amor e com paixão. É da nossa gênese. Está no nosso DNA espiritual e eterno.
            Libanio foi uma pessoa assim, amorosa. Pessoas assim são naturalmente apaixonantes. Elas contagiam e atraem tudo em si e à sua volta. São pessoas “amáveis” e, acrescento, “apaixonáveis”. É impossível não amá-las, não querer estar ao lado delas, a não ser que o egoísmo tenha bloqueado todas as nossas sinapses afetivas.
            Elas sinalizam a verdade da síntese que Jesus fez dos mandamentos: “amar a Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força, e ao próximo como a si mesmo” (Marcos 12, 30).
            Pronto, taí a definição do amor apaixonado que Libanio viveu e compartilhou. Amou com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força. Amou com toda a sua alegria e liberdade. Amou com seu corpo e seus sentidos. Entregou-se inteiro e apaixonadamente ao amor, Partilhando o SER e o TER, em tudo, amando e servindo, como rezou e viveu seu pai Inácio.
            Aprendi com o Libanio; é assim que Deus é.
            É assim que Ele nos convida a ser. 

Eduardo Machado

01/02/2014