quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ELEIÇÃO 2012! É POSSÍVEL VOTAR BEM?

Neste ano, nós brasileiros exerceremos, mais uma vez, o exercício do voto!Quero oferecer você, eleitor, uma reflexão sobre o perfil de candidato/a!
Vivemos tempos de mudanças, com novos desafios que exigem dos candidatos seriedade, competência, sensibilidade pelos problemas que afligem a humanidade, visão integral do ser humano e das relações políticas, econômicas e sociais. Enfim, candidatos que não sejam escravos de visões unilaterais e corporativas. Não se pode governar bem sem uma visão integral, holística, humanizadora, comunitária e coletiva.
Eleitor/a, não restrinja tua participação política só ao exercício do voto. Há muitos modos de se envolver na elaboração de políticas públicas que gerem estruturas que valorizem a vida, os direitos humanos, a educação, a saúde, o lazer, a segurança, etc.
         “A democracia é um processo lento, construído pela participação das pessoas que se organizam e mobilizam a sociedade. A experiência de participação popular na política é uma conquista e um patrimônio histórico do povo brasileiro, formado pelos movimentos sociais, sindicatos, pastorais sociais, e partidos políticos. Essa experiência não poder ser perdida pela ação nefasta de políticos que buscam o poder e vantagens pessoais a qualquer custo.” (cf.: CNBB, Eleições 2006. Orientações da CNBB. n.82. SP: Paulinas, 2006, p.12). Os problemas nacionais não serão resolvidos por pessoas egocêntricas, unilaterais ou messiânicas. Teu candidato/a tem capacidade de compreender os desafios e têm condições de elaborar e executar projetos consistentes?
     O Brasil é uma das maiores economias do mundo, mas ocupa a 84ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano-2010, entre 187 países, como revelou o Relatório de 11/2011. Embora haja melhorias para alguns setores sociais e mesmo para os mais pobres, aumenta a concentração de produção de riqueza nas mãos de uns poucos e ainda temos em torno de 50 milhões de pobres e miseráveis em nosso país. O que o teu candidato pensa sobre isso?
      Na página 16, o documento da CNBB supracitado, afirma que a “a situação da maioria dos trabalhadores continua sendo precária e injusta. Os salários aviltados ameaçam seus direitos e sua dignidade. O trabalhador sente-se continuamente ameaçado pelo desemprego, pela flexibilização das leis trabalhistas e pelo crescimento da informalidade.” O que o teu candidato pensa sobre isso?
Na mesma página, vemos que a “violência e o crime organizado se espalham nas cidades e no campo. A fome e a exclusão social colocam um desafio histórico para o Estado brasileiro, exigindo medidas estruturais que garantam a paz, a justiça e a ordem pública.” O que o teu candidato pensa sobre isso?
E continua na página 16: “a reforma agrária e o desenvolvimento rural, acompanhados por políticas agrícolas e hídricas, bem como a reforma urbana, são inadiáveis e urgentes para reverter a dramática situação social do país.” O que o teu candidato pensa sobre isso?
Na página 17, afirma que o “o Brasil possui imensos recursos naturais com a diversidade dos biomas, rios, lagos, plantas, florestas. No entanto, é brutalmente explorado ou extorquido, a busca de maiores lucros, em detrimento do bem social de toda a população” O que o teu candidato pensa sobre isso?
E segue-se na página 17, “a mídia, hoje, é um grande instrumento de poder. Exerce uma força suficiente para mexer com a opinião pública e conduzir ao poder pessoas ou partidos, aliados a determinados interesses.”  Escrevendo sobre isso, em artigo sobre ´reforma política e eleições municipais´, Frei Betto afirmava que “estimativas indicam que, na capital paulista, apenas dois candidatos à prefeitura, Serra e Haddad, gastarão, juntos, R$ 118 milhões. De onde jorram tantos recursos? É óbvio, de quem amealha grandes fortunas – bancos, empresas, empreiteiras, mineradoras etc. Cria-se, assim, o círculo vicioso: você investe em minha eleição, eu na sua proteção. Eis a verdadeira parceria entre o público e o privado. Como se constata na CPI do Cachoeira e nos cuidados que os parlamentares tomam quando é citada a Construtora Delta. A pasteurização da política faz com que ela perca, a cada eleição, a sua natureza de mobilização popular, para se transformar em um negócio administrado por marqueteiros e lideranças partidárias. As "costuras”são feitas por cima; os princípios ideológicos escanteados; a militância é substituída por cabos eleitorais remunerados; os acordos são fechados tendo em vista fatias de poder, e não programas de governo e metas administrativas.” (cf: WWW.adital,com.br, 27/7/2012). O que o teu candidato pensa sobre a mídia na política?
Concluindo, penso que nós, brasileiros e brasileiras, estamos desafiados a construir cidadania, a votar bem e a combater a corrupção política que coloca os interesses pessoais e corporativos acima do bem comum.

Pe. Ronaldo Mazula, cmf
Prefeito de Apostolado dos Missionários Claretianos do Brasil

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